terça-feira, março 01, 2005

Crónica do 1º de Março

Eu sou fã dos U2. Gosto de os ouvir. Gosto de os ver actuar (nunca os vi ao vivo, mas já vi alguns DVDs - esse extraordinário produto da tecnologia moderna). Energia não falta a estes senhores. 2o anos depois ainda por aí andam a provocar verdadeiras ondas de histerismo colectivo. Gostaria de poder, finalmente, poder vê-los em carne e osso, partilhar a mesma dimensão espaço/tempo com eles. 14 de Agosto! É claro que ainda não vai ser este ano. É claro que não consegui um mísero bilhete.
Eis o que tenho aprendido sobre a vida em Portugal, baseando-me no festival trágico-cómico, eu direi mesmo, patético-absurdo, surrealista, que tem rodeado uma coisa aparentemente tão simples, que é uma venda de bilhetes para um espectáculo:
nº1: quando uma promotora decide introduzir novidades numa venda de bilhetes [a saber, venda faseada - ou será obstipada? - dos mesmos; criação de boatos sobre locais de venda disponíveis; alargamento de postos de venda a uma rede de gasolineiras, em troca de não sei quantos pontos num cartão - esperem lá, afinal sem restrições, não é preciso pontos, iuuupiiii!; venda quase secreta nos MB - dirija-se a um perto de si e verificará que já estão esgotados (quando ainda não estão sequer disponíveis), (ouvi dizer que houve 10 felizardos que o conseguiram assim! - será verdade ou uma lenda?)] só faz o que, pouco comummente se chama, necessidades fisiológicas de carácter sólido - M***A! - da mais pestilenta que se cheirou à porta de qualquer FNAC, agência ABEP ou referida gasolineira (cujo nome, ainda não percebi bem porquê, me recuso "pronunciar");
nº2: só Lisboa tem direito a cultura e eventos deste género. Lisboa tem a Fnac, agências ABEP, 3 postos de gasolina com direitos de venda. O Porto terá estas coisas também, mas com o mesmo número? A dita, cujo nome me recuso pronunciar, vendeu 650 bilhetes em Braga e 700 em Setúbal. Não havia mais. Esgotou. Mas não eram mais? Centenas de pessoas rumaram ao Sul, passaram a noite ao relento, em vão. Existem 12 gasolineiras que disponibilizam bilhetes (20000 no total, mas a informação não é segura, claro, como tudo o que se refere a esta palhaçada!). A avaliar pelo número distribuído pelas mesmas, faltam muitos bilhetes. Onde andam eles? Pelos vistos, a venda será adiada para o dia do concerto, a decuplicar no mínimo...
nº3: os portugueses são criaturas altamente adaptáveis às circunstâncias. Queixam-se, berram indignados, mas acabam por se juntar a eles. Como diz uma "tartaruga" minha amiga, se os portugueses demonstrassem todo este empenho e dedicação em todos os aspectos das suas vidas, viveríamos num super-país.
Por mim, recuso-me a juntar-me a este festival. Não sou ovelhinha para me deixar conduzir por estes palhaços que deveriam ser proíbidos de exercer a actividade de promoção de espectáculos. Não possuo o espírito de sacrifício das pessoas que moveram céus e terra para conseguirem a tirinha de papel mágico que lhes garante o acesso ao céu. I guess I'm not a true U2 fan, then! Vou ter de continuar a contentar-me com os DVDs...

Sem comentários: